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História
Exílio
Em função de suas atividades políticas junto à esquerda, Milton foi
perseguido pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Seus aliados e
importantes políticos intervieram junto às autoridades militares para negociar
sua saída do país, após ter cumprido meio ano de prisão domiciliar. Milton achou que
ficaria fora do país por 6 meses, mas acabou ficando 13 anos. Milton começa seu
exílio em Toulouse, passando por Bordeaux, até
finalmente chegar em Paris em 1968, onde lecionou na Sorbonne,
tendo sido diretor de pesquisas de planejamento urbano no prestigiado Iedes.
Permaneceu em Paris até 1971, quando se
mudou para o Canadá. Trabalhou na
Universidade de Toronto. Foi para os Estados Unidos, com um
convite para ser pesquisador no Massachusetts Institute of
Technology (MIT), onde trabalha com Noam Chomsky. No MIT trabalha em sua grande obra
O Espaço
Dividido. Dos EUA viaja para a Venezuela, onde atua como diretor de pesquisa sobre
planejamento da urbanização do país para um programa da ONU. Neste país manteve contato com técnicos da
Organização dos
Estados Americanos. Estes contatos facilitaram sua contratação pela
Faculdade de Engenharia de Lima,
onde foi contratado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) para elaborar um trabalho sobre pobreza
urbana na América
Latina.
Posteriormente, foi convidado para lecionar no University College de Londres, mas o convite ficou apenas na
tentativa, já que lhe impuseram dificuldades raciais. Regressa a Paris, mas é
chamado de volta à Venezuela, onde leciona na Faculdade de Economia da
Universidade Central. Segue, posteriormente para Tanzânia, onde organiza a pós-graduação em
Geografia da Universidade de Dar es Salaam. Permaneceu por dois anos no país,
quando recebeu o primeiro convite de uma universidade brasileira, a Universidade de Campinas. Antes disso,
regressa à Venezuela, passando antes pela Universidade de
Colúmbia de Nova
Iorque.
Retorno ao Brasil
No final de 1976, houve contatos para a
contratação de Milton pela universidade brasileira, mas não havia segurança na
área política e o contato fracassou. Em 1977, Milton tenta inscrever-se na Universidade
da Bahia, mas, por artimanhas político-administrativas, sua inscrição foi
cancelada. Ao regressar da Universidade de Colúmbia iria para a Nigéria, mas recusou o convite para aceitar um
posto como Consultor de Planejamento do estado de São
Paulo e na Emplasa. Esse peregrinar lhe custou muito, mas sua
volta representou um enorme esforço de muitos geógrafos, destacando-se Armen Mamigonian, Maria
do Carmo Galvão, Bertha
Becker e Maria
Adélia de Souza. Quanto ao seu regresso, Milton tinha um grande papel nas
mudanças estruturais do ensino e da pesquisa em Geografia no Brasil.
Após seu regresso ao Brasil, lecionou na Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) até 1983. Em 1984 foi contratado como professor titular
pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP),
onde permaneceu mesmo após sua aposentadoria.Também
lecionou geografia na Universidade Católica de
Salvador.
A trajetória e o
reconhecimento
Embora pouco conhecido fora do meio acadêmico, Santos alcançou reconhecimento
fora do país, tendo recebido, em 1994, o
Prêmio
Vautrin Lud, (conferido por universidades de 50 países).
Milton Santos foi dos poucos cientistas brasileiros que, expulsos durante a
ditadura militar (naquilo que foi conhecido por êxodo de cérebros),
voltaram depois ao país. Foi disputado por diversas universidades, que o queriam
em seus quadros.
Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerado um clássico mundial, onde
desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países
subdesenvolvidos.
- Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este
conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da
cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos
por outros. Por uma Outra Globalização, livro escrito por Milton Santos dois
anos antes de morrer, é referência hoje em cursos de graduação e pós-graduação
em universidades brasileiras. Traz uma abordagem crítica sobre o processo
perverso de globalização atual na lógica do capital, apresentado como um
pensamento único. Na visão dele, esse processo, da forma como está configurado,
transforma o consumo em ideologia de vida, fazendo de cidadãos meros
consumidores, massifica e padroniza a cultura e concentra a riqueza nas mãos de
poucos.
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